São Paulo - Travestis e
transexuais podem processar empresas ou pessoas que os tenham deixado em
situação constrangedora ou humilhante, em atos que configurem preconceito ou
discriminação. Quem discrimina desrespeita o direito de igualdade previsto na
Constituição Brasileira.
E se a atitude ocorrer por parte
de uma empresa no Estado de São Paulo, a companhia fica sujeita a processo
administrativo, a pagar multa e pode até ter as atividades encerradas por força
da Lei Estadual 10.948, segundo esclareceu hoje (27), Vanessa Vieira,
coordenadora do Núcleo de Combate à Discriminação da Defensoria Pública do
Estado de São Paulo.
Ao lado de outros profissionais,
ela fez parte de grupo de atendimento à população em uma unidade móvel da
Defensoria Pública do Estado de São Paulo, na Praça da República, centro da
capital paulista.
“Queremos conscientizar a população sobre os mecanismos de combate à
homofobia e à transfobia”, disse ela. A defensora lembrou situações em que
estes cidadãos são chamados pelos nomes que constam no registro de nascimento,
o que pode lhes trazer constrangimentos no caso, por exemplo, de serem chamados
com nomes masculinos quando a aparência é feminina ou vice-versa.
A Praça da República foi escolhida
para a campanha de esclarecimento por ter grande circulação de pessoas, em
especial, no domingo, quando ocorre a tradicional feira de artesanato. O
movimento faz parte das atividades preparatórias ao dia dedicado à visibilidade
dos travestis e transexuais (29).
Para isso, foram distribuídos
preservativos e folhetos explicativos chamando a atenção do público sobre a
principal causa de violência física, moral ou simbólica contra lésbicas, gays,
bissexuais, travestis e transexuais.
“Nossa expectativa é fazer cada vez mais valer o nosso artigo 5º da
Constituição, que diz que todos são iguais perante a lei, e, então, buscar essa
igualdade na luta contra o preconceito e a discriminação e valorizar a
individualidade de cada cidadão”, defendeu o presidente da Associação da
Parada do Orgulho GLBT de São Paulo, Fernando Quaresma.
Ele acredita que, apesar de ainda
existir muito preconceito contra gays, há avanços na luta contra esse
sentimento homofóbico. Para Quaresma, assim como as mulheres foram,
gradativamente, ganhando o seu direito de voto nas eleições, de não mais
precisar ser sustentadas pelo marido e de ter conquistado a defesa contra a
violência doméstica, por meio da Lei Maria da Penha, esses grupos sociais
também irão alcançar maior respeito.
Na Secretaria de Justiça e de
Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo foram instaurados 44 casos de
discriminação ao longo do ano passado, número inferior a 2011 (63) e um pouco
acima de 2010 (33). Atualmente, estão em andamento 120 processos.
Apresentando-se como transsexual,
Athenas Joy dava apoio à campanha na distribuição de preservativos. “Precisamos que a sociedade nos respeite
mais, nos abra as portas do trabalho, porque vivemos em uma sociedade mais
moderna. Creio que o mundo está com outra cabeça e esperamos que nos aceitem
mais”, justificou.
Saiba sobre o caso da transexual
do crachá em branco
A transexual Roberta Nunes recebeu
o seu crachá de identificação na empresa onde trabalhava, em branco, por não
poder usar o "nome social
Carlos Tufvesson, coordenador
especial da Diversidade Sexual da Prefeitura do Rio, diz: “O município do Rio
foi pioneiro no reconhecimento do uso do nome social, assegurando esse direito
civil aos cidadãos trangêneros. É uma questão de cidadania”. E, completa: Por
que isso? A que ponto vai a maldade humana!”.
Hoje, fora da empresa, a física Roberta diz ter usado o crachá em branco por três anos, apesar de a empresa se declarar respeitadora da diversidade.
Hoje, fora da empresa, a física Roberta diz ter usado o crachá em branco por três anos, apesar de a empresa se declarar respeitadora da diversidade.
Tufvesson lembra ainda o projeto
Damas na Prefeitura, que capacita travestis e transexuais para as funções que
querem exercer, nas mais variadas áreas de trabalho: “Se o critério de
contratação for competência técnica, vários profissionais travestis e
transexuais podem entrar no mercado: estão incrivelmente capacitados”.
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