"Eu li direito?
Tratamento?" - ParaTudo LGBT
.jpg)
Hoje, uma resolução do conselho proíbe os profissionais da
área de atuarem em “eventos e serviços que proponham tratamento e cura da
homossexualidade” e de usarem a mídia para reforçar preconceitos “em relação
aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica”. O projeto foi
apresentado no fim de fevereiro deste ano e aguarda parecer na Comissão de
Seguridade Social e Família da Câmara.
Em Uberlândia, a psicóloga da área clínica Camila Garcia
Finotti é contrária à proposta. “Você trata ou cura uma doença, não sendo
doença, não existe a possibilidade de cura. É um tanto descabido”, afirmou.
Ela explicou que os profissionais de Psicologia podem
atender pacientes homossexuais que busquem ajuda para seus conflitos internos,
mas não para a cura da sua condição. “Eu não posso tratar um homossexual para
curar a homossexualidade, porém se ele tem questões familiares, profissionais e
sociais, qualquer psicólogo vai tratá-lo.”
Segundo a psicóloga, se o profissional se dispuser a “curar”
a homossexualidade, ele pode ter o registro cassado pelo CFP.
De acordo com Camila Finotti, o homossexualismo foi visto como doença no século 19 pelos higienistas, que trouxeram a sexualidade para uma norma e qualquer situação fora dela era vista como doença. “Até a mulher que decidia não ter filhos sofria preconceito”, disse.
Pastor cria associação para ajudar quem quer ‘deixar’ homossexualidade
O pastor Joide Miranda, de Cuiabá (MT), que tornou pública
sua condição de ex-travesti, concorda que homossexualidade não é doença. “Por
isso, não podemos falar de cura”, disse. No entanto, ele afirma que é possível
deixar de ser homossexual. “A homossexualidade é uma conduta aprendida e que
pode ser desaprendida, assim como aconteceu comigo.”
Joide Miranda viveu como travesti durante 20 anos. Começou a
se prostituir aos 13. Na Itália, onde morava, recebeu uma ligação de sua mãe
que o fez refletir. Quando retornou ao Brasil foi a uma igreja evangélica para
surpreender a mãe e decidiu deixar “o mundo da homossexualidade”. Ele diz que
obteve ajuda profissional de uma psicóloga por três anos.
Posteriormente, tornou-se pastor, casou-se há 14 anos e tem
um filho.
Há 10 anos fundou a Abex-LGBTT (Associação Brasileira de
Ex-LGBTT), cuja sede fica em Cuiabá e atende “pessoas que resolvem deixar o
estado da homossexualidade”. Os atendimentos são presenciais, por telefone e
pela internet.
“Já atendemos pessoas de vários estados do Brasil e de
alguns países como Japão, Alemanha, Itália, França e Londres.” Nestes casos, o
aconselhamento é feito por telefone e pode durar até três anos. “Não pregamos
religião. Pregamos a palavra de Deus, que restaura e transforma qualquer
pessoa”, afirmou.
Ator diz ter
revertido condição
“A pessoa que não está feliz com a sua condição de sexualidade vai a um psicólogo achando que ele vai resolver seu problema. Essa pessoa vai sair frustrada”, afirmou.
Grevâniah Rhiuchélley fez parte da vida do ator dos 17 aos
21 anos e para ele a homossexualidade nunca havia sido um problema. Em 2004,
Eduardo Rocha abandonou Grevâniah e se converteu numa igreja evangélica. Hoje,
casado há quase dois anos, o ex-militante das causas homossexuais critica o
movimento.
“Eu comecei a perceber que o movimento homossexual é um
grande engano, uma grande mentira. As pessoas estão presas a algo que elas
acreditam e que no fim não vai libertá-las. Não existe verdade nisso, nessa luta
pelos direitos dos homossexuais.”
Grupo condena projeto
e defende mais respeito às diferenças sexuais
Para o publicitário Paulo Pitta, de 29 anos, que é
homossexual, se o Conselho Federal de Psicologia proíbe que seus profissionais
tratem a homossexualidade é porque está comprovado que não é doença. “Um
comportamento não é passível de tratamento”, disse.
Para ele, é necessário levar mais informação às pessoas para
que entendam que “não tem nada de mais, nada de diferente”. Ele diz que é mais
fácil julgar e levar como verdadeira a verdade individual, do que buscar
entender outras verdades. “Ninguém é igual a ninguém.”
Paulo Pitta revela que ao longo de sua vida buscou
informação, estudos e a compreensão do que acontecia ao seu redor para poder se
conhecer e se entender. “A partir de então, mostrei para a minha família que eu
era a pessoa que eles sempre esperaram e até além”, disse.
Já o estudante Adeonn Souza, de 29 anos, militante do movimento
LGBT de Uberlândia, contrário ao projeto do deputado João Campos, diz que um
dos aspectos mais relevantes é a igualdade de direitos, que deve começar dentro
na família. “Os pais são os primeiros a saber da orientação dos filhos, mas são
os últimos a aceitar”, disse.
Para ele, um dos maiores avanços quanto ao assunto no Brasil
foi o reconhecimento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da união estável
homoafetiva.
Violação
A assistente social Alcione Araujo Oliveira, de 30 anos, se
preocupa com a violação dos direitos humanos e a homofobia. “A intenção de
propor cura [da homossexualidade] é uma negação ao direito da pessoa, porque a
gente sabe que quem conhece consegue entender, porque a condição não é tão
extraordinária. O absurdo é a negação”, disse.
Para ela, a pessoa que não se enquadra nos padrões criados
pela sociedade é rotulada como diferente e por isso sofre “amargamente”. “Chega
ao extremo de violência física.”
Fonte: Agência LGBT do Brasil
Fonte: Agência LGBT do Brasil
0 comentários:
Postar um comentário
Você pode utilizar este espaço para comentar e sugerir a respeito das postagens. Obrigada por nos visitar.