Shelley passou por acompanhamento psicológico e médico por
três anos.
Ela entrou também com uma ação para mudar de nome em
documentos.
Após três anos de acompanhamento psicológico e tratamento
endocrinológico, a transexual Shelley Araújo recebeu sentença favorável da
Justiça para fazer a cirurgia de mudança de sexo pelo Sistema Único de Saúde
(SUS). Ela também entrou com uma ação para fazer valer seu nome de mulher.
O estado tem prazo de 30 dias para recorrer da sentença, a
contar de 17 de setembro. "Uma vez que uma autoridade permite isso, mostra
que eles estão olhando mais pra gente, para o lado humano dos
transexuais", conta Shelley, que trabalha como cabeleireira e web designer
em Campinas (SP).
Ao procurar a Defensoria Pública de São Paulo para entrar
com uma ação de mudança de nome nos documentos, ela foi orientada sobre a
possibilidade de conseguir a cirurgia de transgenitalização pelo SUS. "É
importante pra mim, mas eu não tinha condições financeiras. Assim, eu já
completo minha vida. Como uma mulher completa", afirma.
Transexualidade
Para Shelley, a cirurgia simboliza uma completude, mas ela
ressalta que tudo vem de um processo. "Não é uma varinha mágica que bate
em você e te transforma. Existe toda uma história e eu fiz meu caminho",
conta. Ela diz ter a sorte de ter total apoio da família.
O problema, conta Shelley, é o preconceito no âmbito social.
Ela revela que gostaria de mudar de nome para evitar constrangimentos. A
confusão entre homossexualidade e transexualidade também é algo que incomoda,
segundo a cabeleireira. "As pessoas confundem. Um gay já me chamou de
homossexual. Eu não sou homossexual, eu sou uma mulher", explica.
Os transexuais são identificados com disforia - ou
transtorno - de identidade de gênero, na qual há um descompasso entre o sexo
físico e o mental, segundo Shelley. "A gente nasce os sentimentos
femininos”, revela.
Ação judicial
A ação foi movida contra o estado para que a prestação de
saúde fosse dada a Shelley imediatamente, o que agilizaria também o processo de
mudança de nome. "Todos tem direito aos serviços de à saúde, é um direito
da pessoa humana", afirma.
Além da cirurgia, o acompanhamento do transexual envolve
outras especialidades, como hormônio terapia, psicologia, psiquiatria e outras
cirurgias secundárias, como implantação de próteses mamárias.
Acompanhamento pelo o SUS
O procedimento cirúrgico de alta complexidade é feito no
Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP). Contudo, antes da
cirurgia, o transexual deve passar pelo acompanhamento de pelo menos dois anos.
No Ambulatório de Saúde Integral de Travestis e Transexuais
do estado, onde é feito a regulamentação estadual das vagas nesse tipo de
procedimento cirúrgico, há atualmente 850 matriculados, segundo Maria Filomena
Fermichiaro, atuante junto aos transexuais do núcleo e diretora do ambulatório
até 2011.
12 cirurgias por ano
"Demora um pouco, temos somente uma endocrinologista,
por exemplo", conta. Segundo ela, são executadas 12 cirurgias por ano.
Segundo ela, o inscrito demora cerca de dois meses para começar o processo com
um clínico geral, com um psicoterapeuta e uma endocrinologista.
A transexual Esther Pereira, atuante no movimento de
Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais (LGBT) e que ainda não conseguiu mudar
de nome nos documentos oficiais, afirma que é mais comum a liberação judicial
após a cirurgia. "Pouquíssimos casos se conseguiu antes. Mas nós temos um
movimento para que isso seja mais amplo", afirma.
Shelley também aguarda processo para mudança
de nome e ganhou sentença favorável para fazer cirurgia de mudança de
sexo.
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