segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

"Uma vagina não traz felicidade a ninguém": Lea T fala sobre mudança de sexo ao Fantástico



A modelo Lea T foi a entrevistada especial da edição desse último domingo (27) do Fantástico. Em entrevista à jornalista Renata Ceribelli, Lea falou pela primeira vez na televisão sobre a cirurgia de readequação sexual a qual se submeteu em março do ano passado.
A modelo contou porque só se sentiu à vontade para falar sobre o assunto agora.



Não é uma cirurgia simples. É uma coisa muito íntima. Estou meio sensível, estou meio voada em algumas coisas, tentando entender algumas coisas. Mas eu acho que agora eu to começando a conseguir falar a respeito dessa cirurgia, a respeito dessa pequena e grande mudança que eu fiz”, disse a transexual.

Lea revelou que passou um mês e meio no hospital e que não aconselha a cirurgia para ninguém. A modelo disse que achava que sua vida iria mudar após a mudança de sexo, mas não foi isso o que ocorreu.


“Eu achava que a minha felicidade era embasada na cirurgia. Mas, não foi. Não é isso. Eu fiquei mais à vontade. É diferente. A felicidade não é não é um pênis, uma vagina que traz felicidade a ninguém”, disse Lea.

A brasileira falou que tem consciência que nunca será uma mulher completa, que ela continua com sua parte masculina e que por muito tempo tentou reprimir isso.

 “Eu queria reprimir, eu reprimia muito. Quando, do momento que eu fiz a minha cirurgia e que eu fiquei um mês deitada na cama, eu entendi que isso tudo é uma bobeira. Eu nunca vou ser 100% mulher”.

A modelo também disse que sabe que o preconceito não vai acabar. “Vai ter sempre a pessoa que vai te jogar na cara que você é homem. E depois que você sofre de uma cirurgia dessas, se você não tiver pronta, se você não tiver...é como uma facada no coração”.

Lea falou ainda sobre a dificuldade de ter um relacionamento amoroso com outro homem. “Em relação a uma relação sexual, ai você é uma mulher. Mas em relação a ter uma historia com você, ai você é uma transexual. Você é um homem”, contou a jovem trans.

Ao final da reportagem, foi exibida uma entrevista com o ex-jogador de futebol Toninho Cerezo, pai de Lea, que sempre apoiou as decisões da filha.

A Lea é minha terceira filha, né. Estou contente. Vejo as coisas com naturalidade. No momento, quando explodiu tudo foi um alvoroço. Porque, queiram ou não, a Lea levantou uma bandeira. Levantou uma bandeira e, você sabe, o Cerezo é um jogador, vive num ambiente de machões”, disse Cerezo.

Para encerrar, o ex-atleta mandou um recado para a filha. “Você é uma modelo, imagina, você é uma modelo que desfila em Paris. Olha a sua importância para várias mulheres e pessoas que se sentem acuadas. Você vai encontrar muita gente que vai pisar no seu pé, vai pisar no seu calo, mas você pode passar por cima. Com uma, duas, três palavras de doçura você vai superar tudo”.

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