segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Projeto de lei de deputado prevê tratamento para homossexuais




"Eu li direito? Tratamento?" - ParaTudo LGBT

 Uma proposta que tramita na Câmara dos Deputados ainda deve gerar muita polêmica. O projeto de decreto legislativo do deputado João Campos (PSDB-GO), que é presidente da Frente Parlamentar Evangélica da Câmara, prevê mudança em uma norma do Conselho Federal de Psicologia (CFP) tornando possível o que está sendo chamado popularmente de “cura gay”.

Hoje, uma resolução do conselho proíbe os profissionais da área de atuarem em “eventos e serviços que proponham tratamento e cura da homossexualidade” e de usarem a mídia para reforçar preconceitos “em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica”. O projeto foi apresentado no fim de fevereiro deste ano e aguarda parecer na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara.

Em Uberlândia, a psicóloga da área clínica Camila Garcia Finotti é contrária à proposta. “Você trata ou cura uma doença, não sendo doença, não existe a possibilidade de cura. É um tanto descabido”, afirmou.

Ela explicou que os profissionais de Psicologia podem atender pacientes homossexuais que busquem ajuda para seus conflitos internos, mas não para a cura da sua condição. “Eu não posso tratar um homossexual para curar a homossexualidade, porém se ele tem questões familiares, profissionais e sociais, qualquer psicólogo vai tratá-lo.”
Segundo a psicóloga, se o profissional se dispuser a “curar” a homossexualidade, ele pode ter o registro cassado pelo CFP.




De acordo com Camila Finotti, o homossexualismo foi visto como doença no século 19 pelos higienistas, que trouxeram a sexualidade para uma norma e qualquer situação fora dela era vista como doença. “Até a mulher que decidia não ter filhos sofria preconceito”, disse.


                                                             




Pastor cria associação para ajudar quem quer ‘deixar’ homossexualidade

O pastor Joide Miranda, de Cuiabá (MT), que tornou pública sua condição de ex-travesti, concorda que homossexualidade não é doença. “Por isso, não podemos falar de cura”, disse. No entanto, ele afirma que é possível deixar de ser homossexual. “A homossexualidade é uma conduta aprendida e que pode ser desaprendida, assim como aconteceu comigo.”

Joide Miranda viveu como travesti durante 20 anos. Começou a se prostituir aos 13. Na Itália, onde morava, recebeu uma ligação de sua mãe que o fez refletir. Quando retornou ao Brasil foi a uma igreja evangélica para surpreender a mãe e decidiu deixar “o mundo da homossexualidade”. Ele diz que obteve ajuda profissional de uma psicóloga por três anos.

Posteriormente, tornou-se pastor, casou-se há 14 anos e tem um filho.

Há 10 anos fundou a Abex-LGBTT (Associação Brasileira de Ex-LGBTT), cuja sede fica em Cuiabá e atende “pessoas que resolvem deixar o estado da homossexualidade”. Os atendimentos são presenciais, por telefone e pela internet.

“Já atendemos pessoas de vários estados do Brasil e de alguns países como Japão, Alemanha, Itália, França e Londres.” Nestes casos, o aconselhamento é feito por telefone e pode durar até três anos. “Não pregamos religião. Pregamos a palavra de Deus, que restaura e transforma qualquer pessoa”, afirmou.

Ator diz ter revertido condição

 Em Uberlândia, o ator e hoje presbítero Eduardo Rocha se tornou conhecido dentro e fora da cidade pela personagem da travesti Grevâniah Rhiuchélley. Hoje, com 29 anos, ele vive como ex-homossexual, mas diz ter receio quanto à aprovação do projeto que tramita na Câmara dos Deputados, que prevê a possibilidade de “tratamento” da homossexualidade.

“A pessoa que não está feliz com a sua condição de sexualidade vai a um psicólogo achando que ele vai resolver seu problema. Essa pessoa vai sair frustrada”,  afirmou.

Grevâniah Rhiuchélley fez parte da vida do ator dos 17 aos 21 anos e para ele a homossexualidade nunca havia sido um problema. Em 2004, Eduardo Rocha abandonou Grevâniah e se converteu numa igreja evangélica. Hoje, casado há quase dois anos, o ex-militante das causas homossexuais critica o movimento.

“Eu comecei a perceber que o movimento homossexual é um grande engano, uma grande mentira. As pessoas estão presas a algo que elas acreditam e que no fim não vai libertá-las. Não existe verdade nisso, nessa luta pelos direitos dos homossexuais.”

Grupo condena projeto e defende mais respeito às diferenças sexuais

Para o publicitário Paulo Pitta, de 29 anos, que é homossexual, se o Conselho Federal de Psicologia proíbe que seus profissionais tratem a homossexualidade é porque está comprovado que não é doença. “Um comportamento não é passível de tratamento”, disse.

Para ele, é necessário levar mais informação às pessoas para que entendam que “não tem nada de mais, nada de diferente”. Ele diz que é mais fácil julgar e levar como verdadeira a verdade individual, do que buscar entender outras verdades. “Ninguém é igual a ninguém.”

Paulo Pitta revela que ao longo de sua vida buscou informação, estudos e a compreensão do que acontecia ao seu redor para poder se conhecer e se entender. “A partir de então, mostrei para a minha família que eu era a pessoa que eles sempre esperaram e até além”, disse.

Já o estudante Adeonn Souza, de 29 anos, militante do movimento LGBT de Uberlândia, contrário ao projeto do deputado João Campos, diz que um dos aspectos mais relevantes é a igualdade de direitos, que deve começar dentro na família. “Os pais são os primeiros a saber da orientação dos filhos, mas são os últimos a aceitar”, disse.

Para ele, um dos maiores avanços quanto ao assunto no Brasil foi o reconhecimento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da união estável homoafetiva.

Violação

A assistente social Alcione Araujo Oliveira, de 30 anos, se preocupa com a violação dos direitos humanos e a homofobia. “A intenção de propor cura [da homossexualidade] é uma negação ao direito da pessoa, porque a gente sabe que quem conhece consegue entender, porque a condição não é tão extraordinária. O absurdo é a negação”, disse.

Para ela, a pessoa que não se enquadra nos padrões criados pela sociedade é rotulada como diferente e por isso sofre “amargamente”. “Chega ao extremo de violência física.”


Fonte: Agência LGBT do Brasil






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